Resenha: Carandiru

Escrita por Vinícius Ribeiro, equipe da biblioteca



Fruto dos anos de trabalho voluntário de Dráuzio Varella dentro da casa de detenção do Carandiru, o livro homônimo é um relato das situações vistas e ouvidas pelo médico na época em que trabalhava na conscientização dos detentos sobre os efeitos da AIDS ao longo dos anos 90. 

Carandiru é um livro denso e que relata a condição vivida nos presídios de forma realista. Varella tem o dom de criar uma narrativa fácil e envolvente, detalhando cada história contada, levando o leitor a refletir sobre as passagens vividas atrás daquelas grades. 

Posso dizer que sentimentos como empatia, raiva e tristeza foram companheiros constantes na leitura do livro – apesar de denso, terminei de lê-lo em apenas três dias, graças a escrita fluida do autor – existentes ao tentar compreender a história de cada um dos presos, carcereiros e diretores que faziam parte desse sistema (o complexo foi desativado no ano de 2002). 

Finalizado com uma passagem sobre o emblemático episódio de 1992, no qual foram mortos 111 detentos (250, segundo os próprios presos), Carandiru é um retrato cru da situação vivida dentro das cadeias brasileiras, que sofrem com o descaso do poder público, superlotação e ação de facções criminosas que determinam quem vive e morre atrás de cada um dos seus portões. 

O livro foi adaptado para os cinemas no ano de 2003 pelo diretor Héctor Babenco e tem entre os atores nomes como Rodrigo Santoro, Wagner Moura e Lázaro Ramos. Além disso, foi listado pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) como sendo um dos cem melhores filmes brasileiros de todos os tempos. 

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